terça-feira, fevereiro 11, 2014

Estar aqui

Esta manhã acordei aqui. Colado a uma cama fria.
Tenho à minha espera a mala da roupa, o livro de alemão, as 3 novelas que não consigo terminar de ler, as ofertas de trabalho que não respondi, as fotos que quero fazer lá fora.
Espera-me a rede social, a indignação frente à realidade dos que se encontram pior que eu, o amigo sem trabalho, a escola oficial de idiomas, o projecto de inglês para crianças de 6 anos, espera-me a vida fora desta cama.
Espera-me acender a lareira e transformar esta casa fria num lar acolhedor, ligar a torradeira, fazer um chá com leite e passar a mão pelo pelo da cadela, como que a dizer-lhe bom dia.
Tudo isto me espera e muito mais, mas não consigo sair desta cama fria até que algo mais forte que eu me levante.

Visto o pijama, faço as torradas e o chá com leite, ligo o computador, escuta-se música. Como, bebo, passo a mão pelo pelo da cadela, coloco o prato e a taça na máquina, lavo os dentes e acendo a lareira.

Faço as fotos lá fora. Fotos de flores lilás, de piscinas verdes, de árvores amarelas, de céu cinzento. Nenhuma delas me parece interessante. Não se me foi a motivação mas não encontro o encanto de voltar a fazer fotos hoje.

Volto para dentro e ouço musica enquanto a lareira me aquece de novo. Hoje é um dia vivo...

domingo, fevereiro 09, 2014

Por amor nego o amor...

Com tantas coisas nesta vida, a que mais me atormenta lidar, é a relação com o amor.

Amamos tantas coisas e ainda assim, não sabemos como lidar com o sentimento.

Amo uma pessoa e penso no quão feliz serei se tudo for perfeito. O primeiro problema é que nada é perfeito. Amo uma pessoa e sei que o meu amor é uma prisão. Prendem-me as expectativas que tenho por a pessoa amada, prendem a pessoa amada as desilusões que essas expectativas criam. Prende o tempo, ou porque não o temos ou porque o temos em demasia, prende o lugar porque é o que não desejamos ou porque não o temos em comum.

Penso em tantas formas de amar e a única que me faz relativizar todos os mal-estares do amor é negá-lo, mas também viver-lo nesses pequenos espaços de tempo e lugar em que o amor é perfeito.

sexta-feira, setembro 20, 2013

Poema de Amor



Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.

Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.

Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.

...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.

Fernando Namora, in "Relevos"

quarta-feira, agosto 28, 2013

Chegados aqui

Chegados aqui dou por mim pela primeira vez a sentir que talvez já tenha vivido metade da minha vida.

Não vou poder explicar o que sinto, é tão extenso que merecia uma boa reflexão e uma fluência na escrita que neste momento não possuo.

Aconteceu à noite, enquanto tentava dormir, lembrei-me de repente do pouco tempo para alcançar os objectivos onírico de uma vida , e o que alcancei até hoje, dificilmente poderei repetir tamanha façanha. As descobertas já não são tão inocentes, já não me deslumbro com coisas novas, já vivi muitas experiências e ainda tenho muito por viver (ou assim espero), mas sei que por aqui está a metade do caminho e não muito mais longe que isto.

Reconheço que agora o sinto, com algum receio e pouca confiança, mas também sinto que é importante entender que quando passamos da adolescência à fase adulta algo muda em nós, que também na fase adulta há que saber ver um pouco mais além e perceber que não vamos a ser para sempre assim e o nosso mundo também vai mudar, mais pelas limitações com que nos vamos deparando do que propriamente com as novas descobertas.

É talvez perante este "abismo" que o nosso suposto relógio biológico nos oferece a paternidade o maternidade no caso das mulheres. É uma espécie de comprimido para que nos esqueçamos por uns anos que o mundo já avançou e nós vamos começando a ficar para trás.

Parece um pouco fatalista, mas reconheço que tenho vontade de antecipar este sentimento, encontrar nele a beleza que seguramente lhe pertence, por isso também é importante olhar para os que nos antecederam e tentar fazer o mesmo, mas mais à nossa maneira.

Boa noite

terça-feira, agosto 20, 2013

Mãos vazias...

"Apesar das ruínas e da morte, onde sempre acabou cada ilusão, a força dos meus sonhos é tão forte, que de tudo renasce a exaltação, e nunca minhas mãos ficam vazias." Sophia de Mello Breyner in Contos Exemplares
 
 
 

Um ano e quatro meses

Um ano e quatro meses, é muito tempo.

E esse é o tempo que levo sem fumar. Todos os dias são como o primeiro, e sempre me considero um fumador, só que por agora sou um que está livre do tabaco.

Há outros temas mais importantes e que agora mesmo estão presentes nos meus pensamentos, mas é bom recordar, que muitas vezes os gestos mais simples são também os mais importantes.

quarta-feira, julho 31, 2013

Até sinto

Até sinto...
Sinto que sinto demasiado, sem ter demasiado para sentir.
Até sinto...
Que sinto tudo isto a sós e a sós deveria partir.
Até sinto...
Por muito que tente sentir não me sinto em ti.
Até sinto...
As palavras que sinto são por sentir-me a mim.

quarta-feira, março 20, 2013

I am one



E quando a beijei com esta canção de fundo, inundou-me a sensação de que aconteça o que tiver que acontecer entre nós, para sempre esta canção me transportará de novo a esse momento, a esse beijo, a essa boca, a ela... Porque nesse momento fui feliz...