Há em Lisboa uma parede cuja tinta já escasseia, e a mensagem que nela se espelha dilui-se. Por isso, e por que Lisboa merece a intervenção que quem nela vive, uns miseraveis anónimos preparam-se para dar nova vida às letras.
Dois anónimos, munidos de essa arma que é o pincel, sim porque a arte urbana não se faz sómente pelo spray e o graffiti não nos chama a todos, vão restabelecer a ordem e a normalidade.
A loucura de uns é a mensagem de outros.
Amanhã em Lisboa renasce a poesia de José Régio, porque o amor mesmo quando não nos arrebate ferozmente deve ser alimentado com todas as nossas forças.
Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
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