sábado, julho 26, 2008

Portugal e Brasil

Por ter um novo visitante do meu blog, quem felicito a sua presença e agradeço a honra de tal atenção.

Surgiu a tentação de colocar aqui um poema de um autor brasileiro e um português. A temática mais erótica de tais poemas, são por outro lado uma forma de contar algo que me passou de uma forma discreta e bonita, porque já dizia Honoré de Balzac "Respeitamos o homem que se respeita".

E os poemas são:


De Carlos Drummond de Andrade

A castidade com que abria as coxas

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.


E um dos meus favoritos e já repetidos nesta casa.

De José Régio


Soneto de Amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!


2 comentários:

purita disse...

lin-dos!:)

Geova Costa disse...

Difícil resistir a um poema desses...
Amei!