terça-feira, agosto 11, 2009

O amor cura

Hoje o meu irmão ligou-me. Quis conversar. Entre outros temas contou-me esta pequena história.

Há uns dias quando ia ao café do bairro onde crescemos, um dos meus sobrinhos, o Bernardo pediu-lhe para fazer um pequeno desvio e visitar o nosso avô (seu bisavô).

Surpreendido por esta súbita vontade, lembrou-se ele também que tinha essa gana, ainda que inconsciente de ver a pessoa mais antiga da nossa família.

Tocaram à porta e abriu-lhe a D. Ivone a senhora que cuida do avô António (adivinhem donde vem o meu nome). Como sempre lá desabafou a D. Ivone as suas angústias, principalmente a de o ver aí tão só e tão triste.

O meu avô estava deitado no quarto, abatido, disse à D. Ivone que não se sentia bem e que não deveria levantar-se pelo menos até à hora do jantar. Infelizmente sei que este episódio ocorre com maior frequência do que seria normal para um homem de 80 e tantos anos, mas a solidão mata.

Lá se levantou o Sr. António e arrastando um pouco os pés, viu perante si duas pulgas. O Bernardo e o Gonçalo, os seus dois únicos bisnetos. Falou com eles, brincou com eles, e claro deve ter falado do Sporting com o outro doente da família (esta parte o meu irmão não me contou).

Quando saiu pela porta, e enquanto se despedia com dois beijos naquelas faces de experiência empírica, o meu irmão diagnosticou que o mal-estar do avô fazia parte do passado, resultado de uma solidão forçada pela viuvez e pela velhice, mas aqueles momentos com o seu neto e os seus bisnetos debelaram a doença parcialmente.

Chego à conclusão, que o amor cura. É um recurso inesgotável que tantas vezes salva vidas, hoje já não tenho essa possibilidade mas amanhã prometo dar amor a alguém.

1 comentário:

Geovana disse...

Mesmo quando o amor não cura, faz a alma subir mais leve... Só não espere muito pra dar esse amor que prometeu aí, tem alguém esperando por ele... Abraço.