Gosto particularmente dos poetas na obscuridade.
São aqueles poetas que escrevem nas portas das casas-de-banho dos bares, na parte de trás dos bancos de autocarro, os que nos deixam bilhetes no para-brisas de um automóvel, os que colocam por escrito o que lhes vai na alma, nos sítios mais inóspitos e nos momentos menos inspirados.
Gosto deles, porque me fazem rir algumas vezes, outras porque não os entendo e como me encanta não entender alguém, creio que é aí que assenta o meu amor pelo sexo oposto. Também os apreço pelo uso do insulto ao próximo, pela vulgaridade da linguagem, pela coragem do real anonimato, porque se arriscam a escrever para alguém que não conhecem, porque a sua mensagem vale para todos.
O último poeta obscuro que encontrei assinava William Shakespeare, e o seu poema era assim simples e conciso " O papel de secar as mãos deita-se no caixote do lixo, Obrigado".
Bem haja um poeta na obscuridade, bem haja.
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